Para quem me desconhece, ou não se interessa pelos tópicos que vou tecer de meu rebuscado modo, talvez seja uma empreitada árdua seguir-me por estas linhas. Não lhe garanto que ao fim delas o Sr ou a Sra encontrará algo de valor, algo que se transponha a sua própria existência; ou, se esse registro será para si apenas mais uma anedota, que pouco lhe diz respeito, e somente, talvez, satisfaça a curiosidade mórbida que se tem de ver um semelhante ao se enredar numa malha de confusões e enganos. Mas, meu trilho está traçado, e por ele seguirei até o termo final, até a ultima estação, teimosamente. Sua companhia é bem vinda caso não se importe com a fumaça das caldeiras e com o ruidoso maquinário inerte que tento por em movimento.
Há muito tempo leio e me informo sobre assuntos místicos, coisas ocultas aos olhos mas, reais ao Pensamento e a Alma. Reconheço este ser um reino de enganos, mesmo enquanto seja um de busca por um cálice de compreensão. Muito se interpõe no caminho do viajante, e não é diferente no meu caso. Falo-lhes em primeira pessoa, sem pretender esconder o nexo estreito de minha personalidade, por onde passa apertado e constrangido esse pequeno fio de luz, que ao menos conto, vibre com honestidade e despojamento enquanto traça nessa câmara escura uma imagem temporária de mundos alem em pinceladas impressionistas.
Nas minhas leituras por muitas vezes encontrei referencias, mesmo na forma de advertências, da grande pressão que se exerce na mente e na alma do Homem para que este se restrinja, se comporte, se acomode. Em par e em passo com o temor natural pela sobrevivência, exacerbando-o até, essa pressão aterra o homem, desligando-o quase por completo de seu pólo Positivo, Elevado. Esse Homem caminha quase sem olhar para o Céu, sempre em busca das migalhas que encontra pelo chão. Curvado ao carregar o peso de seus acúmulos, de seus medos e preocupações, de seu passado. Um estado tão indesejável quanto o daquele ser Angélico, que nada influencia nesse plano denso, desapegado, mas sem história ou conseqüência.
Não se nega que esse é um mundo de privações, seu ‘Defeito “é, entretanto, na opinião desse que vos fala, também sua” Qualidade “. Optar, resultado do nosso temido livre arbítrio, é o fruto pecaminoso na visão dos que querem o total abandono da imperfeição terrestre. Mas na verdade Optar, Escolher, é o principio real da mágica e a possibilidade de tramarmos o tecido mais belo enriquecendo a Criação.
Para a grande pressão que se exerce na Mente e Alma do Homem, que o aliena e o faz um fragmento solitário e Individuo, se buscam explicações históricas, míticas, cientificas. Dentre as que me agradam nesse momento, que me satisfazem por fazerem ressoar em mim mesmo estas mesmas noções, estão a de que em algum momento na trajetória ascendente e evolutiva do Homem nessa Terra, as forças encarregadas da supervisão dessa Ascenção resolveram buscar uma forma alternativa ao “Plano Original”. Isso teria levado a Humanidade ao engano, colocando-a num caminho semelhante ao desses vaidosos supervisores, apartada das certezas e facilidades do citado plano. Concorrendo em paralelo, mas sem o contato direto com a fonte, a Humanidade teria sido colocada, girando fora de centro por assim dizer, pela ação intencional de grandes entidades encarregadas de cuidar de nossa evolução. Que fosse por impaciência ou vaidade atropelaram o passo da marcha pretendida. Esta é uma interpretação Histórica sem comprovação, uma mitologia, pois eu não possuo qualquer evidencia que a comprove senão a observação de efeitos. Pode-se dizer que esta é uma postura filosófica resultante de uma leitura entre linhas dos traços decadentes no comportamento humano vistos a partir do filtro de uma visão Unitarista para Tudo o que Há.
A outra visão, mais concreta, vem da aparente necessidade, encontrada e explicada de muitos modos, de Normalização do Homem. A construção cultural e social da personalidade passa por um enorme condicionamento, condicionamento este que naturalmente encontra contrapartes biológicos para se fixar naturalmente. Do desejo de ser aceito, ao medo de ser abandonado, da satisfação da fome e do sexo à preponderância que os sentidos físicos tem sobre os mais sutis; a Normalização se ancora, se afirma, se justifica em todas as nossas relações com o mundo.
Deixado como está este desenvolvimento gregário à consciência do Homem é como uma máquina que se apropria de sua energia, de grande modo condicionando suas ações. Alimenta a ilusão de Identidade Independente ao mesmo tempo que aumenta o temor diante do cosmos, da vida e de seu semelhante. É mais que um mero jingle de propaganda que insiste em se repetir em nossa mente, mais que noções culturais que se replicam pelas fofocas ou proselitismos, que são normalmente considerados “inocentes” MEMES* de propósito superficial. Esse conjunto funcional de Normas tem uma Proto Agenda, que pode ser observada pelo conjunto de ações menos que iluminadas da Humanidade nesse planeta.
* MEME – Noção proposta pelo Biólogo Richard Dawkins de uma Idéia auto replicável que usa mentes como hospedeiras para sua reprodução, mais ou menos independentemente do beneficio desta infestação na hospedeira. Reproduzindo-se de modo similar ao DNA, que usa a materia.
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