segunda-feira, agosto 29, 2011

Revoltas na Inglaterra e outras coisas relacionadas

Veja primeiro com subtitulos:
Fala indignada de um senhor Britanico à BBC Londres
ou em ingles no video original:
London Riots. (The BBC will never replay this. Send it out)

Achei interessante como não só o que o Sr Darcus Howe (ele é um radialista das West Indies que vive em Londres a 50 anos) fala soa intensamente verdadeiro, mas como fica claro no "subtexto" de todo o dialogo dele com a "entrevistadora" que existe uma forte "gag order" (uma ordem de ficar mudo) por parte da imprensa e da policia quando se tenta falar mais abertamente. A entrevistadora claramente indica que existem coisas que podem e que não podem ser ditas! Isso é fenomenal, e indica uma ditadura silenciosa e insidiosa que ordena os modos de ser, agir, pensar...

Esse video, para mim mostra claramente a similaridade, a correspondencia direta do fenomeno arabe "tão longe de casa" e o fenomeno do "jovens baderneiros nas vizinhanças de Londres"... que incomodo! E no entanto tão exatamente a mesma coisa. Um mundo que não aguenta mais a exclusividade dos desejos impossiveis vendidos pela midia, e que são o motor economico e a motivação aparente das sociedades modernas. A opressão ditatorial e ideológica em qualquer lugar, com controle de imprensa e dos comportamentos é identica a opressão economica, e talvez mais honesta por ser um inimigo evidente, que na democrática Inglaterra ou qualquer simile paraiso de liberdade para o desejo e consumo. Só que os instrumentos são um pouco diferentes, a Ditadura cala na paulada (é obtusa) a Democracia dos poucos cala por depreciar, ou por desmerecer, ou por francamente ignorar outras vozes, ao mesmo tempo que induz uma frequencia de ordem unida na vibração do alarido das sirenes (sereias) subliminais do consumo.

Conversava com um amigo meu sobre a responsabilidade da propaganda, ele é do ramo. Não sei se voces sabem mas a grande maioria das empresas de propaganda do mundo são controladas de modo draconiano por apenas 2 mega holdings inglesas! Se alguma coisa cheira a Big Brother (do Orwell não da Globo) ai está algo para os paranoicos mastigarem. Esse amigo tem o discurso padrao da midia dos desejos que reza que a propaganda apenas apresenta o produto, ele só é um sucesso se for realmente bom e coisa e tal... Ora propaganda é apenas assim como um anuncio classificado, compre meu carro usado, ou minha bicicleta... Engraçado, não me parece assim, quando na tv anuncios induzem as crianças a infernizarem os pais para comprar isso ou aquilo, estudos dizem que os pais compram. Atordoados e sem reflexão sobre suas vidas na corrida de ratos, que é vista como business as usual, um fato da vida, os pais correm para atender mais essa demanda imprescindivel. Quantas demandas imprescindiveis, exclusivas, por tempo e estoques limitados, únicas e fundamentais, que definem nosso proprio carater e quem somos como pessoas, que podem nos aproximar de modo inexoravel das condições ideais de conforto segurança e paz que almejamos, com aquele parceiro cheiroso, limpinho, eternamente sorridente e bonito, quantas dessas sugestões que nos "produtificam" podemos aguentar? Até que explodam os excluídos que não podem ter o exclusivo, até que sacudam as grades os bárbaros que não entendem que aquilo, não é pra eles... Na verdade aquilo, não é pra ninguem, nenhuma pessoa real cabe naquele sonho, nenhum planeta ou vida suporta a manutenção infinita e distribuída dessa proposta...

Abri uma revista de automóveis, eles me fascinam ao mesmo tempo que me dão muito desgosto. Vejo um Cadillac top de linha que acelera de 0 a 100 em 3 segundos e que faz uma volta em Nurburgring (um famoso circuito de corrida alemão) em 7 minutos, preto, quase 600 cavalos (sem incluir o dono), vejo que a revista toda é feita não do automóvel, mas desse brilho em torno do automóvel, uma coisa inefável que lhe dá um tipo de existencia especial, pois voce tem acesso, enfim, a algo tão incrivel que te transforma, te reveste, e te faz especial. Claro não se fala nada que esses carros saem de estampas mecanicas, e que os parafusos tem roscas iguais e para o mesmo lado de todas as outras roscas e parafusos, ou que a tinta arranha e desbota, e que o brilho e o valor se perde a partir do momento que o bólido sai da agencia. Eu fiquei espantado com a revista, americana e online, sem saber aonde começava a reportagem sobre equipamentos mecanicos de deslocamento em apoio sustentável a existencia social, e aonde estava a ficção e a trama do incensamento de desejos, e a aplicação da camada de um feromonio sutil feito para atrair as bestas para a armadilha fatal.

Para alguns é o Cadillac, para outros o Adidas, ou a ZARA (que emprega os Bolivianos novos-escravos, ilegais nos Sweat shops em SP). Ou a enorme legião chinesa cativa que vai nos inundar de tudo aquilo que queremos até que a gente e o mundo sufoque...

Por esse caminho, e os governos do mundo parecem sempre apenas oferecer mais do mesmo, não vai dar. E se formos por ai me parece que o cenário Mad Max dos humanos num mundo devastado e cheio de sucata não é tão improvável. Imagino que os humanos regredidos e selvagens nesse cenário se tornem caçadores e coletores de latas e trecos que ainda funcionam, gotas de gasolina aqui, um badulaque ali. Trogloditas da nova era... "Recicloditas" em tribos nomades na terra devastada...

Claro isso é um cenário apenas, um exagero gráfico pra tentar criar anticorpos a perfeição fotografica de um mundo de defuntos. Existem muitas outras coisa acontecendo em paralelo, que com sorte emergirão do tecido das relações do Homem consigo mesmo e com o Mundo, e vicejarão por terem um DNA mais afeito a vida nessa nova época. Entretanto, parece que essa é a hora dos fortes, e possivelmente dos pequenos. "Vinde a mim as criancinhas", os ratinhos, as baratas, os humildes... Quem sabe, os perdidos e revoltados... Esses não vem de Cadillac a 250 por hora, esses marcham em tenis furados, lentamente vão chegando a um fim de mundo, o fim de uma festa idiota e banal, que não quer se abrir para a vida.

Sei que as palavras são fortes, e negras, mas na realidade essa é a visão apenas sobre o problema, do modo como eu o entendo. A solução começa no interno de cada um, pela lucidez diante dos fatos, pela simplificação da vida, pelo voto de proteger e ajudar tudo o que é vivo e tudo o que tem sentimento, pelo entendimento do que é a liberdade real, pela pacificação do coração e mente e tantas coisa mágicas e maravilhosas, acessiveis gratuitamente a qualquer um que as desejar.