terça-feira, agosto 28, 2007

Ciência e Mediunidade

Reflexões pessoais despretensiosas

A primeira pergunta que talvez devêssemos fazer é por que esse assunto nos interessa; o que pretendemos com esse estudo, e aonde esperamos que ele vá nos levar. Como um estudo da FISICA, ou seja, do comportamento dos corpos e das energias e eles associadas pode nos fornecer insumos para um entendimento dum mundo “supra” material, transcendente?

Será que todos os achados da Ciência são úteis, e completamente traduzíveis para uma ótica espiritualista da vida (ótica que deve ser entendida não em oposição, mas em complementaridade hierarquicamente superior à uma visão “materialista”). Ou será que a muitas das vezes não usamos esses “fatos” científicos apenas como parábolas forçadas, que não se encaixam bem, e que soam diante da comunidade cientifica como uma apropriação e uma distorção de seus conceitos? O que nós esperamos encontrar na confluência de duas áreas tão amplas como a ciência e a espiritualidade? E como podemos caminhar nessa senda sem mistificações ou fascinação com elementos e fatos que não são exatamente úteis num processo de ascensão e amadurecimento espiritual.

A mentalidade cientifica pode ser criticada por sua visão materialista, entretanto este materialismo é uma postura recente, uma visão enrijecida da estrutura do Cosmos, visão que não foi sempre assim. Podemos ir buscar as bases da ciência moderna na Alquimia, e nessa esfera mental fundadora da nossa ciência atual podemos lembrar de nomes como, Hermes, Paracelso Jung e até mesmo Issac Newton, junto com os Antigos Egípcios, e tantos Bruxos modernos ou do passado. A Alquimia não é uma disciplina fácil, sendo trilhada por alguns como um caminho iniciático dos mais envolventes e exigentes. Considerando a manipulação da matéria como uma manipulação e uma depuração da própria Anima (alma) do Homem, a Alquimia é um caminho de enobrecimento do Homem.

A Alquimia parece buscar um entendimento da “Materialidade” como um caminho para a sua transcendência e controle, Sendo mesmo considerada uma disciplina muito antiga, pois há quem diga que o erro de Atlântida foi o mau uso da influencia espiritual sobre a esfera material, e isso apenas teria levado essa civilização mitológica a sua extinção.

Dentro da Alquimia identificamos algumas buscas arquetípicas do homem, sabidamente a Pedra Filosofal que tudo transformava em ouro, ou identificada com a habilidade de transformar os metais mais brutos em ouro, e o Soro da Eterna Juventude, uma compreensão dos elementos que facultassem ao ser a vivencia da Vida Eterna. Transformando o chumbo da experiência grosseira e passageira (relativa) em Ouro sutilíssimo da sabedoria (Absoluto / Eterno) e encontrando a vida eterna

Desde Jung se entende a linguagem Alquímica, cifrada em sua sofisticada simbologia como uma Linguagem Simbólica que faculta Acesso Onírico ao Subconsciente. Jung buscou entender a Alquimia do seu ponto de vista Psicológico, com seus simbolismos e linguagem iniciática, e é o responsável pela sua “ressurreição” nas argumentações e estudos modernos. Considera-se que ao lidar com os elementos materiais o Alquimista buscava uma transmutação de sua própria essência eterna. Visando compreender a essência da experiência humana no mundo material para buscar os objetivos últimos e transcendentes do Espírito.

Daí que esta união Matéria e Espírito sempre foi vista de forma natural, só aparecendo recentemente a visão da separação e da ascendência da matéria (sólida e comprovável) sobre todos os assuntos da vida, passando-se a considerar o Espírito (insólito e improvável) como um eflúvio conseqüente de arranjos casuísticos dos elementos.

Curiosamente a busca, e os efeitos da Ciência são extremamente semelhantes aos da antiga alquimia. Pois se pode dizer que p/ exemplo a transformação do elemento Silício, básico e simples num chip de processamento de dados sofisticadíssimo (uma pedra filosofal que alem de tudo pode filosofar...) e as conquistas da medicina, das próteses aos remédios ultra eficazes, à terapia genética, tem correspondência direta com os objetivos da Alquimia. Acrescentando-se a estes a pesquisa do cosmos macro e micro, com viagens espaciais e ciclotrons, microscópios que já tocam os átomos e telescópios orbitais que miram o “começo dos tempos” a anos luz de distancia. Mas isso é discorrer sobre o obvio, o que nos interessa encontrar é o não obvio, o que ainda está obscuro na conexão entre os limites da ciência e as capacidades mais elevadas do espírito humano.

Verdades absolutas temos que reconhecer, são impossíveis. Só conseguimos registrar fotogramas de perspectivas muito relativas dessas verdades. Fotogramas passageiros. O melhor veículo que temos atualmente é a linguagem cientifica, com seus recursos matemáticos e possibilidades gráficas. Isso apenas para testar, para por a prova o limite do nosso envelope de consciência.

Não posso pretender usar a ciência de forma final, ainda me parece que tenho que usá-la de forma simbólica, para evocar arquétipos do mais profundo de nosso ser, para incitar a discussão e a pesquisa interior de certos “achados”, de certos fatos ou características com que nos deparamos ao analisar o tecido da nossa realidade diária. A saber: átomos, partículas, ondas, ressonâncias.

Nós, humanos, parecemos já nascer com um conhecimento intimo de que tudo é uno. Quando olhamos para dentro parece surgir um acontecimento, locado em algum ponto do espaço e tempo consciencial, indicativo de nossa separação, da criação duma dualidade, do aparecimento duma queda. Da separação do que antes era unitário e integral em 2, em 4, em mil partículas, sons, ondas.

Esse é o tecido criado pela consciência, a partir de si mesma, para se experimentar em multiformes relações e conexões.

Intriga-nos a questão de que em quantas dimensões se deu essa divisão, em quantas camadas e a correlação entre suas influencias simultâneas e espelhamentos, de “baixo para cima” e de “cima para baixo”.

Preocupa-nos a idéia da permanência das conseqüências de nossos atos criativos e destrutivos e do encadeamento e permanência da nossa própria identidade ao longo de seu aprendizado na matéria. Nos fascina as ramificações e possibilidades de nossas decisões e das ações tomadas ou reprimidas. Queremos entender o tempo e ver tanto o futuro como o passado. Enquanto navegamos no tempo nossas vidas parecem se dar numa rede de conexões emocionais e mentais, subjugadas por vezes a certas programações instintivas e reativas, ou a atuações mais lúcidas e criativas. Entropia e Anentropia, Caos e Theos, Shiva e Vishnu, Criação e destruição, macro e micro, Dimensões, Potencias, Hierarquias, Redes. Buscamos entender o tecido e a ordem em que vivemos e em que se desenvolve a criação de nossas realidades e experiências intimas.

A Ciência nos permite tocar, desenvolver hipóteses, fazer uso de linguagem precisa e graficamente exata, a Mediunidade nos permite intuir, visualizar as formas subjacentes, dialogar com mentes mais esclarecidas, recebendo estimulo e orientação em nossa busca de formatar uma nova visão de síntese entre Ciência e Espiritualidade.

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Partículas – Por que tudo (o todo) se dividiu em partículas.

Vórtices, formas espiraladas, gravidade e foco. Hidrodinamica.

Partículas de consciência influenciando e criando partículas de matéria – Seremos nós o “vazio”, uma virtualidade entre as dobras desse vácuo? Uma saudade, uma promessa de ser, algo somente retido na mente do criador?

Dicotomia partícula x totalidade. Por que a nossa percepção privilegia a divisão e não a unidade? Ou por que esta não percebe a dialética entre esses dois aspectos com a regência da unidade?

Ponto de vista – Perspectiva / Fulcro / Foco
Visão relativa, posição, inter-relação, articulação.


Troca de Sinais – Limite Físico – Relatividade

Parede de Luz, Congelamento, desaceleração das potencialidades infinitas, codificação em bits da informação da relatividade do arranjo de forças de um universo.

Dimensões – Tempo Local = Velocidade da Luz – Passado - trocas eletromagnéticas – O processo da vida como um "vazamento" de memória (trickling)

Tempo “não local” = Interação quântica – instantâneo – Sensação de pertencer – sensação da vitalidade e presença de Deus – Integralidade instantânea

Tempo “Provável” = Outros universos possíveis / Probabilidades / Imaginação

Karma – Inércia / Trajetória – Atitude reativa a entropia inerente – força pré consciente ou pré individuada. Individuação (gradativa). Chama da consciência “acesa” no cadinho (crisol) do “sofrimento” que é a resposta reativa às pressões do crescimento.

Dharma – Potencial – Atitude criativa – Mudança. Ascenção e redenção da matéria. Maturação auto determinada, Co-Criação

Energia do “Ponto Zero” – Potencial do Milagre

Livre Arbítrio – A força (e qualidade) de nossas conexões – Intento - Nós “fazemos” de fato algo no mar de forças e influencias ?

Qual é a esfera de influencia de nosso livre arbítrio? Terá Deus (O Grande Espírito) Criado em si um outro universo possível de realização, aonde estamos nos expandindo?

Será o livre arbítrio apenas uma “Farsa” para que a gente de com a cabeça e aprenda com os erros a finalmente se conformar com os desígnios divinos – uma forma de encontrar a auto castração? Ou podemos realmente tudo e estamos explorando avenidas nunca antes exploradas, novos universos e formas de ser? Me parece que para ser verdadeiro o Livre Arbítrio tenha que conter em si mesmo mistério e descoberta, se fosse apenas uma liberdade condicional para que aprendamos a andar num labirinto isso provaria apenas que somos ratos de laboratório de Deus, e esse não é o caso. Então qual é o caso do livre arbítrio?

Mediunidade – Canalização dum potencial (realidade) divino num formato perceptivo. Tradução, Downsteping, download.

O enquadramento através da expectativa – tipos de mediunidade, tipos de contato. Comunicação criativa, interpretação criativa de sinais “invisíveis”. Formatação / tradução.

Os médiuns recebem informação pré formatada ou sua interpretação é total – é tudo advindo do universo interno do médium?

Antonio Augusto Casari Kós

Petrópolis, 16 de agosto de 2007