E é por esses espaços que penetra a compreensão, da futilidade, ou da dimensão ínfima de nossos esforços e conquistas. Suspensos em queda livre, rompido o escudo, e com ele toda a sensação da continuidade. Pelas brechas vem a luz forte e intensa, que atravessa a carne e os ossos e desvenda, absolutamente, tudo.
Temor, daquele que se escondia na poeira acumulada debaixo da cama e de repente se encontra solitário escorraçado para o centro dum pátio infinito. Transparente, indefeso e vulnerável no meio dum lago de sal seco sem fronteiras.
Todos os defeitos a vista inclemente do sol, que indiferentemente os expõe, que os qualifica sem os apontar, que os faz ressoar como dores, como chagas, como ofensas imperdoáveis e eternas. Um calor cruel, intolerável, suficiente para enlouquecer. É a sensação da atenção total de um Deus, da imensidão de seu Poder concentrada num centímetro cúbico. É sentir-se lançado do fulcro da Galáxia, aonde repousam e apontam todos os eixos, para aonde se vincam todas as dobras, para aonde refluem todos os laços do equilíbrio dos pares e dos conjuntos. É cair em Si, e sentir o Amparo e a Clemência e o Reparo e a Justiça. É conhecer Seu nome e o nome de todas as coisas.
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