segunda-feira, fevereiro 07, 2005

Capitulo 8 - NÃO SABER

Então chegamos ao termo final, em primeiro plano a visão do trinco arrebentado da Caixa de Pandorra. Evidente a impossibilidade de retornarmos a caixa o que escapou. Com garganta seca e arranhando, vejo o seu rosto confuso e nem sei como começar a me desculpar pelos tormentos que lhe causei.

O segredo exposto dos mecanismos mórbidos, da entropia sólida e sufocante, das camadas sedimentadas de incoerências, faz um ruído enorme. É o som duma labareda Solar que afeta a Ionosfera, e o batuque de Schumman acelerado numa freqüência insuportável, é o contar dos minutos até 2012, é a onda Senóide de Deus induzindo o momento da sua inspiração no Cosmos. É o Juízo que finalmente chega ao desajuizado.

Suspensos numa onda altíssima, não sabemos quando vai quebrar. Entre as potencialidades do Universo nos assombramos com o Portal Aberto que convida a um mergulho num perdão infinito, um mergulho numa compaixão eterna, inexplicável e sem justificativa. Somos tragados pelo próprio imenso que ainda não somos, engolidos e completados por tudo que não podemos ser.

E para nós soa fútil, infantil, fora de lugar, o canto de vitória dos guerreiros, em cruzadas pelo bem. Bem como aparece a tolice de toda a contabilidade dos ínfimos degraus da História.

No som descomunal todas as verdades e mentiras são abafadas, reduzidas, e se tornam a voz duma pequena criança de olhos assustados que finalmente acorda e se liberta das garras dum sonho conturbado e inquieto.

Sem saber o que nos aguarda, conheceremos quem somos.
Sem saber para aonde iremos confiaremos em nosso destino.
Sem saber como nos encontramos estaremos em casa com nossa familia.
Sem saber como orar agradeceremos a benção do nosso lugar sagrado, eterno e bom.

FIM

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