Essa é uma conversa via email com um amigo meu o José Bernardo Filho, ainda em curso...
José Falando em resposta ao texto A Visita de Obama:
Guga,
Nós é que olhamos para eles como Deuses. Se o discurso é aquele contra-americano, veja que o Brasil só foi comprado pelos americanos por que os brasileiros o venderam. No chile aconteceu a mesma coisa s´que lá eles tão bem melhores que a gente.
A questão do esquema de segurança ocorre por causa da decisão do Conselho de segurança da Onu ter liberado o uso da forca contra a Líbia. Consequentemente o esquema em volta do Obama aumenta, normal.
Sorry, mas esse discurso anti imperio nao rola mais. E isso o Lula fez muito bem para os brasileiros, parem de reclamar que o Brasil pode muito, basta investir em educacão e saber explorar de maneira sustentável a Amazônia.
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Eu Falando:
Oi Zé,
Não sei se vc leu todo o texto. Reconheço que é possivel o ler como anti-americano. É dificil falar no assunto sem polarizar e por isso posso não ter tido sucesso, mas o que estou tentando falar é bem mais que anti americanismo Claro essa fase anti coisa do é passado, o que advogo é a maturidade brasileira e tento desvelar o showmanship pra impressionar índio que os americanos sabem fazer muito bem, melhor que qualquer um no mundo. Sim nós os olhamos como Deuses, só com a desconstrução critica e a sacaneando dá pra ver isso, e por outro lado, eles não se incomodam e buscam de todo modo reforçar a simbologia do poderio e da dominação. Não acho que o Brasil foi simplesmente vendido por que os Brasileiros o quiseram vender, houve toda uma politica encoberta de deposição e re-locação de governantes patrocinada na America Latina e no Oriente Médio. Isso não é conspirologia, é apenas fato histórico e consequencia de um politica pragmática de controle e dominação. Acredito hoje que o comunismo e socialismo que identificamos com Lula aqui são extemporâneos e pueris por que foram podados, rebrotando tardios, por que a experiência politica natural de um povo foi atrasada.
O esquema de segurança do Obama é valido e necessário, mas também demonstrativo da ridícula dimensão a que chegou o temor Americano. O serviço secreto quis revistar até ministro de estado, eu acho palhaçada. Sinto, não concordo que basta apenas investir na educação, é importantíssimo, mas fazer um pais com tantas dimensões conflitantes crescer democraticamente e se afirmar num mundo de forças que as se opõe a isso positivamente toma trabalhar muitas outras frentes. Kadafi só se tornou desinteressante por que o povo finalmente conseguiu voz, antes deixavam ele quieto, petróleo rolando com povo quieto tudo bem.
Por isso acho que manter uma atitude de resguardo e tranquilidade diante da visita é a melhor posição. Apesar de afirmar que lidar com Americano não é bolinho, acho que eles são os melhores e mais verdadeiros para se lidar, mas para isso temos que galgar vários degraus de esperteza. A promessa de ser tratado de igual para igual não é uma concessão é uma conquista. Acho que a estatura para lidar com eles tem que vir duma reapreciação de nós mesmos, e em certos casos por uma desmistificação dos símbolos de poder e as bugigangas inuteis que eles trazem. Essa magia não deve funcionar mais, nem pelos afagos no ego futebolistico ou outra coisa parecida. O discurso sedutor foi estudado e premeditado por especialistas em psicologia e brasiologia, pode e deve conter algo de verdade, mas seguro morreu de velho. O que ele vai cantar pro Chile é igualmente sedutor...
O Chile e o Brasil são realidades e histórias muito diferentes, o Brasil tem graves pecados históricos e problemas de constituição da população que o Chile não teve, e apesar disso é uma economia maior, mais criativa e mais plural. Mais difícil também, mas você não vai me ver no virtuoso Chile. Não sou pró Dilma, nem Anti Americano, se você leu todo o texto talvez venha a notar isso, o problema é que nossa ótica privilegiada, brancos imigrantes protegidos e gordinhos, não nos facilita a entender o problema Brasileiro, e é claro que a gente parece se polarizar em antipatias anti isso ou pro aquilo. Eu nunca diria Fora Obama, eu apesar da sacaneação o considero muito bem vindo. Me emocionei pela esperança de ser realmente possivel o Brasil lidar em igualdade com os EUA, e com os gestos de simpatia. Gostei do discurso no Municipal, discurso estudadissimo, mas não aceito que ele venha dizer que o Futuro chegou, são palavras que somadas ao gesto da visita fazem parecer algo mais, que o Futuro chegou por que eles hoje nos aceitarão como parceiros iguais. Uma concessão? Essa igualdade só rola por que o Brasil encontrou, a despeito da ajuda ou apreciação Americana, e provavelmente muito devido a ter sido sobejamente ignorado pelo Bush, um lugar no mundo. Fazendo merda é claro, mas eles não fizeram tantas e piores? Cometemos Irã e Chávez e outras bostas, quantas merdas não são responsabilidade da America em G-8. Lula foi uma merda, e estranhamente foi bom, Dilma me assustou e estranhamente me dá esperança. O caminho certo é uma coisa esquisita.
Eu não estou reclamando que o Brasil pode muito, a verdade é que nos meus 48 anos de idade essa é a primeira vez que começo de fato a crer que o Brasil pode alguma coisa. E não em oposição ao Americano, foda-se isso. Nem em submissão ao modelo moderno para a economia e o mundo e sim na proposição de um modo novo, que ainda não foi concebido. Principalmente que não foi concebido por quem criou o problema nuclear e hoje o quer limitar, por quem responde pela maior emissão de poluentes e não as consegue reduzir, e que se fosse nos vender uma ideia pro mundo seria de algo parecido com o que já tem e que começam a ver que não funciona. A solução não virá das cúpulas, nem dos governos, deve espero, emergir das populações conectadas, e dos cidadãos mundiais. Ai sim vamos poder dizer que Americanos e Brasileiros, e todos os outros nesse planeta são iguais. Fora isso é tudo agenda politica do Leviatã, agenda econômica, Politica do Espetáculo e manutenção do Status Quo entrópico.
Melhor nem pensar em explorar a Amazonia, Amiguinhos Americanos já estão fazendo isso por nós...
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José Falando, em 2 emails completou esses texto com 2 referencias, uma a estudo sobre a exploração da Amazonia e ourtra a artigo falando da queda da economia americana:
Sim, justamente reapreciação de nós mesmos. O que fazer num país onde elite virou uma palavra associada a dinheiro ? Elite é quem está no poder ou quem tem conhecimento. Nossa elite se calou faz tempo...
"...A solução não virá das cúpulas, nem dos governos, deve espero, emergir das populações conectadas, e dos cidadãos mundiais. Ai sim vamos poder dizer que Americanos e Brasileiros, e todos os outros nesse planeta são iguais. Fora isso e tudo agenda politica do Leviatã, agenda econômica, Politica do Espetáculo e manutenção do Status Quo entrópico..."
E os 20% de abstenções + 7% de brancos e nulos nas eleições passadas ? quem esta falando pra esse pessoal ? Ninguém.....
Eles não tão na Amazônia, ainda. Mas, se para lá forem será por causa de nossa secular incapacidade de agregar valor a nossos produtos. Dai minha insistência em educação. Sem educação de qualidade não ha inovação, e sem inovação não há competitividade e vamos continuar a exportar soja e picanha pro resto dos tempos.
Eles tão fodidos, Guga, por isso vieram pra gente.
Agora, o Lula falou que o pré-sal é o futuro da nação e que o $$ seria investido em educação, pesquisa, ciência etc.... Quero ver se o Obama der a grana o governo investir nisso ai mesmo, isso eu quero ver. Como um pais que esta entre os 15 piores do mundo na avaliação do ensino médio pode ser um pais que esta "crescendo" ?
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Eu respondendo aqui:
Zé,
Não tenho resposta para estas questões.
Estou tentando me galgar a elite dos pensantes, pois dos ricos ou dos politicos está dificil, por isso busco do meu modo dialogar com as questões que vão surgindo, buscando perspectivas positivas
Meus sentimentos não são anti-americanos ou anti-europeus. Tentarei se surgirem outras ocasiões, usar de outras formas de me exprimir que não tragam o sentimento de um repúdio antiquado e sim um de afirmação positiva de nossa nacionalidade. Não sei o que o Lula prometeu, ou o que a Dilma pode fazer, ou o que vai resultar dessa reaproximação, ou o que vai acontecer com o dinheiro do Pré-Sal, e assim por diante. Se eu falei de crescimento, não foi o da Economia do qual nada entendo, e sim o de um sentimento nacional, que rogo a Deus não se torne nacionalista, de amor proprio e de auto determinação. Sentimento que acredito estar se traduzindo nessa impresão de reconhecimento e de encontro de um novo lugar no mundo.
Dai que aprecio a parte do discurso da Dilma, em quem não votei, em que ela pleiteia o direito de aprendermos com nossos erros. Leio isso como aprender com nossos proprios erros não apenas na hipotética e improvavel participação no conselho de segurança, mas com os erros que pode cometer (e comete) um Pais em seu curso auto determinado. Erros que se ninguem interferir acabam se tornando sabedoria. O proprio Estados Unidos está aprendendo, e infelizmente pagando, pelos erros cometidos, tudo bem. Obama sinaliza uma grande mudança, ótimo! Não os quero fodidos, sinceramente quero todo um mundo melhor, mais educado e sustentável.
Abraço
Guga
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