segunda-feira, junho 27, 2005

A Republica (ou alguma coisa) Está Morta

A Republica esta morta, corroída pelos cupins que a infestaram.

Veja, isto não é um folhetim inflamatório pregando revolução ou coisa parecida, é sim um grito de guerra pelo retorno do estado de direito que a já tem muito tempo foi pro brejo. Também não se prega a Anarquia, ou chamada à violência ou a qualquer imposição autoritária ou dogmática. Mas também isso aqui não é apenas um desabafo, para ser deixado esfriar após ser ouvido. É um tipo de chamada às armas sim, mas as armas da razão, do bom senso, da Consciência.

Que a Republica tenha se Autodestruído pode ser menos culpa da Republica do que das pragas, mas mesmo assim algo parece provar que a representatividade distante tira a vitalidade do tecido desta superestrutura, aumenta o bolor e os fungos que passam despercebidos até que os cupins e seus asseclas atacam com tal sanha que o prédio vai abaixo e num instante dele nada sobra.

E eu nem diria que os cupins são exatamente os enganados (e enganosos) que tocam a Casa Maior da Nação, mas que suas (e nossas) próprias mentalidades estão tomadas por uma infestação doentia, corruptora e imediatista. Vê-los e a nós próprios como doentes é provavelmente o caminho mais seguro e humanitário para a cura e para a saúde. O que é claro não os isenta, nem a nós das conseqüências de suas e nossas ações, como se fossemos apenas títeres inconscientes de forças malignas.

Infelizmente nós aprendemos a calar debaixo de muita botinada e repressão, aprendemos a calar pra ganhar uma fatia do bolo, ou pra ninguém tirar mais do nosso. De muitos modos esquecemos os nossos próprios nomes, e quem somos, e o que realmente tem valor e permanência. Aprendemos a dormir mesmo sem estar em paz com nossas consciências, ou por isso mesmo “dormimos” a muito tempo num sono intranqüilo e sem descanso. É hora de acordar, ou ninguém houve o barulho do prédio querendo desabar? Até quando vamos nos satisfazer com o Balança, mas não Cai? Até quando vamos deixar por menos?

Que a População seja chamada dos currais só na hora de pagar mais uma conta é um dos nossos absurdos. Que dos erros nunca se aprenda, e por eles só se galgue mais um degrau na solidificação de situações consensuais e fisiologísticas é a doença do nosso tempo. Mais e sempre mais da mesma coisa até que não se tenha mais nada só uma casca oca e sem alma, corroída por dentro. Quem não vê isso? Quem não quer ver isso? Isso não é um problema do Brasil, mas uma realidade das Republicas atuais. Confundir Republica com Democracia e Estado de Direito é um erro, é a lã sobre os nossos olhos que não nos deixa ver.

Na nossa Sociedade fica impossível o embate da Justiça contra a Iniqüidade, pois a Justiça é uma distante apropriação da Republica, e não cria doméstica do Cidadão. A legislação é maciça, mas não é dinâmica; é partidária, lobística, jurássica. As relações de trabalho são intoxicadas por tal presunção de más intenções que se tornam impossíveis, ineficientes e caras para todos os lados; e partidos e sindicatos ainda se incensam com a consolidação, uma colcha de retalhos que acenam como bandeira, mas que tão pesada não se agita como flâmula vital ao vento da realidade atual.

O doente se encontra febril e sufocado debaixo das cobertas enquanto o Pajé para “ajudar” ainda lhe sopra fumaça na cara, quem sabe para despachá-lo de vez deste mundo infeliz...

No cerne da nossa miséria está a malaria duma má vontade tenaz, da suspeita, que cria uma facilitação para relações corruptas e desgastantes, e toda uma serie de distorções que são como “Gatos” (de rede elétrica) que drenam a vitalidade da Nação. E quem hoje em dia pode falar de “Nação” sem ter vergonha e sem exagerar (por falta de fatos) em ufanações delirantes. Gigante pela própria Natureza, Nação amiga e simpática, Terra descoberta aonde éramos despidos de malicia e etecetera e tal.

Sonho com Pindorama, uma terra de muitas tribos, tribos que falam a mesma língua, que se percebem com o mesmo propósito, que zelam e veneram o solo vivo da mãe terra. Nação aonde se pode sem pudor ou vergonha expressar e contar com amor fraterno, de companheiros e companheiras no percurso da vida nesta terra. Aonde se pode venerar e defender pacificamente a vida e o solo da terra onde nasceu e para onde ira ao fim. Rogo que possamos um dia conhecer e estender este amor, nobreza e respeito na criação de um mundo pacifico, durável, enorme e generoso. Isso é possível. Pindorama é um pais que ainda não existiu, é um mundo que ainda pode ser. É um exemplo que a Terra precisa.

Temos que criar o futuro com audácia, coragem e propósito. Temos que declarar à vida os nossos nomes e gerar da Alma os nossos Destinos. Seremos sempre o casulo que não gerou vida, mumificados, com os nossos nomes raspados das pedras da lembrança, marcando o passo na repetição das nossas mediocridades e erros? Ou vamos ter a coragem e a paixão de acrescentarmos a vida e a existência de modos incríveis, novos e maravilhosos?

Contra a imaginação do que podemos, contra a luz do que desejamos e podemos ser, a face corroída e mal formada desta Republica passageira se revela em toda a sua doente farsa. Todos os momentos de espera e expectativa em suas promessas de migalhas, o medo de sua mão pesada e seus encargos de responsabilidade e culpa se demonstram corruptores. Toda a sua sedução dum momento melhor no país do futuro, se nós apenas tivermos um pouco mais de paciência para esperar (e pagar a conta “por favor”), se revela tão mentirosa como virgens a esperar o virtuoso no paraíso.

A Republica pode renascer das cinzas, ou precisa? Vale a pena se colocar mais um pau cortado da mata para se sustentar a oca do cari? Quem pode responder?

O Futuro só existe no Presente, pois o mundo mais concreto só é possível quando foi antes sonhado. O Mundo é uma coisa só e Babel pode terminar aqui, agora. Não devemos ser os primeiros a acabar logo com esse pesadelo desconfortável? Não devemos sair do encantamento e do suadouro miserável e febril em que nos jogaram as mentiras de um feiticeiro aleijado e uma prostituta cega, para começar a fazer algo pela honra e pela vida? Um passo possível é querer abrir o próprio olho e buscar a Lucidez, e pensar nas nossas ações com a perspectiva da Eternidade.

Em Paz.

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