Acabei de dar um repasse no capitulo Cultura Brasileira do Livro A Refundação do Brasil de Luiz Gonzaga de Souza Lima e de ler uma entrevista do Primeiro Ministro Chinês ao repórter Joelmir Betting.
Também ainda tenho os neurônios vibrando pela leitura de um livro fundamental:
Why the West Rules – for Now: The Patterns of History and What They Reveal About the Future (Por que o Ocidente Domina o Mundo — Por Enquanto: Os Padrões da História e o que Eles Revelam Sobre o Futuro), de Ian Morris
Espero poder compartilhar mais a respeito desse livro.
Vou publicar em seguida a entrevista na Veja aonde fiquei sabendo sobre esse trabalho acima e a entrevista do Premier Chinês.
Que os deuses do copyright e todos mais me perdoem, hoje estou com postagem compulsiva!
Ai vai para quem me atura nessa Páscoa:
Brasileiro num Mundo em Transição
Ser brasileiro talvez não seja um direito... é uma missão. Ser brasileiro não é algo que existe, é algo que se inventa. Não e algo que se encontra, e algo que se cria. É uma afiliação forcada e sedutora. Ser brasileiro, e agir, é produzir cultura.
É possível ficar á margem, ignorar, viver dos frutos abundantes dessa terra e simplesmente não participar do algo maior, que é esse desafio colossal e intimo de encontrar um lugar mestiço e novo num mundo de cores antigas e definidas. Uma nova dança dentro da velha polca... acho que o mundo nunca chegou a valsar.
Se antes respondíamos, ou nos enquadrávamos à ótica eurocêntrica que tinha seus modos de nos qualificar e desqualificar, que tinha seus degraus e comportamentos que devíamos replicar, agora com a mudança das marés da história teremos que nos posicionar, mais coerentemente frente a uma visão de mundo potencialmente ainda mais ancestral e totalitária - a Chinesa.
A entrevista do primeiro ministro Chinês ao Joelmir Betting, é menos uma sugestão que um mandato dum céu de Confúcio, é o velho código de comportamento ancestral do homem virtuoso re-editado para a economia de mercado. Tem mérito, mas provém de uma lógica pré moderna e binária, onde o erro é irreparável, punível com morte, e esse é apenas o primeiro tópico.
Não devemos nos impressionar demais com a ascensão do poder imperial chinês, mas não podemos extrapolar demais nossa influencia ou importância dentro do quadro geopolítico atual e futuro. Ainda somos e talvez continuemos sendo "os pequeninos". Algo positivo num mundo de certezas congeladas e estruturas enrijecidas. Os pequenos, os periféricos talvez percebam e lidem melhor com as mudanças do evoluir da história humana e da própria terra no seu processo cósmico.
O novo cenário que se descortina apresenta o poder mundial em forte transição. Como prevê com forte embasamento o livro supracitado, pela primeira vez em vários milênios e de modo incontestavelmente global o domínio passará das mãos europeias para chinesas. Será um mundo muito diferente e nele deveremos encontrar como nação uma bússola interna muito clara, ou nos tornaremos apenas sujeitos de mandatos do céu chinês, num mundo organizado e limpo a partir do comando central (quem sabe até benigno) de um império totalitário e extenso. Um império acostumado a ser império...
Pode ser que essa seja uma fase importante da história futura, mas também poderá ser extremamente opressiva para os que não encontrarem alguma forma de soberania interna que se sobreponha uma lógica de dominação mundial para organização da economia e do trabalho, e da geração de um fluxo de riquezas que beneficie o “Novo Imperador”.
Mais que nunca se torna importante encontrar um espaço compartilhado aonde a existência plena e feliz do humano possa se desenrolar, e se sobrepor a coisificação e ao congelamento. Esse é um espaço que só pode surgir numa periferia menos ocupada com o desempenho do controle e do poder e mais próxima da experiência plena do que é realmente ser humano nesse universo enorme e misterioso.
Por isso acho importante não nos ocuparmos de pretensões diretas de influencia global, mas sim como tem sido no aspecto de nossa cultura, que nossa "influencia global" continue a ocorrer ainda mais desse modo “divino”, sem agenda, valoroso mas sem preço de uma bossa que se ouve e nos faz balançar.
Ser Brasileiro é uma missão e uma emoção, uma emissão (? rs) de uma vibe subliminar...
Divago no swing irresistível da rima.
O ponto é que ainda somos a nação jovem de antes, e operamos dentro das mesmas forcas antigas, que temos dentro de nos. A inserção de nossa relativamente curta história no contar da história mais antiga da humanidade é uma necessária ampliação de perspectiva e de contexto, pois implica em recontar essa mesma história, com a nossa voz e visão. Voz essa não necessariamente dissemelhante, mas certamente rica em acréscimos fundamentais. O jogo mundial é pesado, e os jogadores são duros, não podemos nos ufanar nem iludir que nos basta o nosso charme tropical, como se fossemos algo pois lá não cantam os pássaros como o singelo sabiá daqui. O sabiá é um tesouro que nos enriquece a alma, fortalece a resolução, alegra as manhãs, mas não nos faz intrinsecamente melhores. O que nos faz bons (e não melhores) é a capacidade de sorrir, de superar, de criar e transformar, de viver do mundo e para o mundo, cuidar, plantar, orar no plantio e festejar a "colheita". E isso vale é claro para qualquer humano nessa sintonia. Quem sabe Brasil não possa ser uma estação de radio para se sintonizar na alma.
Por isso coloquei no grupo algumas reuniões atrás a questão de como podemos de uma cultura nacional (que não é apenas mas é em grande parte uma) nascida de resistência à dominação feitorial e opressiva, que é uma cultura ainda recente de resistência a um coturno ignorante e insensível a singeleza da balada cortante, evoluir em uma cultura que realmente nos aproxime a todos e que seja o alimento duma nação produtiva, acolhedora, ecológica e exemplar. Uma cultura signatária de um mandato mais profundo e amplo que qualquer articulação Confucionista, Marxista, Fascista, Budista, Cristã. Um conjunto de humanos, nação singela herdeira da vida e da história, capitã incontestável de seu presente, e humilde administradora dos tesouros deixados para o futuro sustentável e “sem fim”. Exemplo nunca totalitário da possibilidade inesgotável do melhor do humano, dos recursos infindáveis da Vida. Honrada descendente dos Espíritos ancestrais dessa Geografia generosa. Amiga, pacifica, esplendida, magnifica, singela... Soberana Inatacável.
Resumindo, como um primeiro aspecto, esse texto tenta alertar, que em se falando do lugar do Brasil e da brasilidade no mundo surge a necessidade de uma percepção clara do cenário mundial e de inserção de nossa história dentro da história humana milenar. O que não é óbvio nesse caso é qual é a configuração real do cenário mundial agora e no futuro próximo, a transição do locus do poder não é tão obvia, pois a analise desse cenário futuro é tão complexa com tantos elementos, perspectivas e influencias, que não proporciona uma visão clara quanto ao ambiente mundial que está surgindo e se consolidando. Hoje o que é um fator obscuro e menor pode ser um elemento preponderante no futuro.
O segundo aspecto complementar quer pensar sobre a necessidade de um abraçar mais lúcido e criativo desses aspectos que nos aproximam do que podemos chamar de sonho do Brasil. Ou seja mais que nunca precisamos entender o mundo do qual somos parte desse pais ideal e nos colocar participativamente nele, precisamos encontrar aquilo que pode nos fazer um todo saudável num mundo enfrentando tantas dificuldades.
Se é possível fazer isso de modo explicito, se é possível se pensar num sentimento de pertencimento e de nacionalidade e de como melhora-lo, como distribui-lo eu não sei. Não sei se cabe ai analise e manipulação, ou se cabe apenas um olhar confiante no desenrolar natural desse processo que tem sido a construção dessa nacionalidade. Então fica a questão, será possível, no âmbito da cultura, dessa criação coletiva e espontânea, oferecer significados que possam ser abraçados por todos, que de modo mais intimo e intenso inflame seus corações e mentes, que aqueça a existência, e que abra a roda pra um balanço que ninguém ainda viu nesse planeta, quiçá na Galáxia??
Abraço de um delirante ululante, é o chocolate pascoal!
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